segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Papa cadáver foi julgado e atirado em rio


Texto de Uenes Gomes

Quadro mostra o julgamento de Formoso (sentado no trono)
A Igreja Católica passava por uma época turbulenta no fim do século 9. Enquanto no século 20 Roma teve 8 papas, no século 9 contavam-se às dezenas os que se sucederam no cargo - a maioria na casa dos 30 anos.

"Em alguns casos, os papas terminavam assassinados, eram depostos, fugiam", diz a historiadora Valéria Fernandes da Silva, especialista em história da Igreja. As poderosas famílias de Roma tinham influência na Santa Sé, o que levou algumas pessoas perturbadas a se sentar no trono de Pedro.

Mas, em termos de bizarrice, nenhum superou Estevão. No começo de 897, o papa Estevão 6 (alguns o citam como Estevão 7) tomou uma atitude excêntrica: ordenou a exumação de seu antecessor, Formoso, morto nove meses antes.

No evento, conhecido como sínodo cadavérico, o corpo do papa-defunto (isso mesmo, o corpo), vestido com insígnias e ornamentos, foi julgado e condenado por excesso de ambição. Estevão excomungou Formoso, que foi despido de suas vestes papais e teve amputados os dedos da mão direita, usados para abençoar os fiéis.

Seu corpo putrefato foi atirado no rio Tibre, pena comum a criminosos.