quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Semana Pedagógica da Escola


Texto de Iza Aparecida Saliés

A escola prepara para a Semana Pedagógica, evento que dá inicia aos trabalhos pedagógicos da unidade, faz parte da tradição escolar, momento em que professores coordenadores pedagógicos e gestores param para discutir, analisar, estudar e decidir sobre o currículo de ensino da escola e construir o Projeto Político Pedagógico.

Além da preocupação com a organização da logística do evento, os gestores e a equipe pedagógica assessoram, orientam e apoiam os professores na elaboração do currículo de ensino para o próximo ano letivo, além de ver e rever o Projeto Político Pedagógico, isto é, no caso de escola que já possui e que foi construído com a participação coletiva dos segmentos da escola.

É pertinente a preocupação dos gestores pedagógicos com a programação da semana, definir o que discutir e o que estudar durante os dias em que os professores estarão disponíveis para pensar o pedagógico.

Fundamentados na própria realidade e preocupados com o universo de questionamentos, problemas e necessidades que permeiam a rotina escolar, os participantes imbuídos em construir o Projeto da Escola, estudam, planejam, estabelecem objetivos, metas e estratégias para melhorar a qualidade do ensino oferecido pela instituição.

A gestão pedagógica ao planejar a Semana Pedagógica, define a agenda, prepara os dados da escola (número de matrículas iniciais e finais e as taxas de aprovação, repetência e distorção idade-série), apresenta as informações sobre as turmas, promove a integração dos professores, estabelece o cronograma de trabalho, define sobre o tempo, o espaço, monta o calendário escolar, estabelece os dias e horários para o trabalho pedagógico coletivo, e assim, finaliza a programação.

É também, momento de realizar o diagnóstico situacional das turmas, delinearem os planos de ensino, selecionar os conteúdos que serão trabalhados, definir os projetos pedagógicos que serão desenvolvidos durante o ano letivo, discutir, analisar e elaborar a matriz curricular para retomar as discussões do Projeto Político Pedagógico.

Essa preocupação será atendida na medida em que tiver conhecimento das turmas, informação dos índices da escola e dos estudos realizados em grupo, é que o professor pode começar a discutir coletivamente as necessidades pedagógicas dos alunos e as dificuldades quanto à prática do professor, é que será possível delinear, estabelecer e definir o currículo de ensino para o ano letivo.

É de fundamental importância que o coordenador esteja atento quanto aos conhecimentos prévios do professor e do aluno. Pois, para Coll, se quisermos ajudar o professor a ensinar melhor os conteúdos ou o aluno a compreender as mudanças pedagógicas que ocorreram no currículo, devemos saber quais são os seus conhecimentos prévios.

Para Meier , quanto aos conteúdos o professor deve determinar em função do contexto cultural em que se encontra o aluno, preocupando em fornecer elementos que auxiliem na análise da realidade da qual faz parte de critica e criteriosa . Desta forma qualquer conteúdo estabelecido pelo professor, antes de tudo deve ser relacionado com conhecimentos prévios do educando.

Faz-se necessário que o professor reflita sobre que conteúdo escolar minha turma precisa, e indagar, como integrar os conteúdos da minha disciplina com as outras da área de conhecimento? Como ensinar esses conteúdos de modo atende as necessidades de aprendizagem dos alunos e estabelecer uma relação lógica com a atualidade, respaldados sempre na perspectiva da formação integral do aluno.

Sampaio (1995) faz a seguinte pergunta, o segredo da qualidade do conhecimento escolar está no currículo de ensino? Parafraseando o autor, ao discutir currículo, disciplina, área de conhecimento, avaliação, metodologias, procedimentos pedagógicos, prática pedagógica e avaliação o professor precisa ter a clareza e o entendimento de que os assuntos discutidos hoje na escola são intangíveis, amplo quanto ao contexto global, mas que não podem perder de vista o aspecto regional e local, como deve também, atender as complexidades do mundo contemporâneo, as exigências da sociedade, das tecnologias, permeando a construção de conhecimentos que sirvam para a vida do aluno.

Ratifico a necessidade de centrar as discussões da Semana Pedagógica em questões exclusivamente pedagógicas, considerando que o tempo que sempre é ínfimo, isso quando a escola não ocupa parte desse tempo em discussões de gestão como: merenda escolar, regimento interno, registros, gestão de pessoas, estrutura física, questões financeiras ou de resolução de problemas.

Faço um alerta ao professores, lutem por esse tempo, não deixe que a escola utilize-o com outras questões. Sabemos que culturalmente a escola tem a prática do aproveitamento, ou seja, vamos aproveitar a Semana Pedagógica para discutir e ou resolver problemas rotineiros da escola.


Referências

FELDMAN, Daniel. Ajudar e Ensinar: relações entre didática e ensino. Trad. Valério Campos – Porto Alegre: ARTMED Editora, 2001
COLL, César, POZO, Juan Ignácio, SARABIA, Barnabé e VALLS, Enric. Os conteúdos na reforma: ensino e aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes e ensino. Trad. Beatriz Affonso Neves – Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
SALIÉS, Iza Aparecida. Projeto Político Pedagógico, documento escolar que deve retratar a cara da escola publicado 8/12/2009 http://www.webartigos.com
SALIÉS, Iza Aparecida. Seleção de Conteúdos: um pressuposto necessário nas discussões do Currículo de Ensino. publicado 21/06/2010 http://www.webartigos.com
SAMPAIO, Maria das Mercês F. Problemas da elaboração e realização do currículo. Idéias, São Paulo, n.26, p.143-50, 1995.
SAMPAIO, Maria das Mercês F. Ensinar e Aprender: Reflexão e Criação. Vol.1.
MEIER, Marcos, GARCIA, Sandra. Mediação da Aprendizagem: contribuições de Feuerstein e Vygostsky –Curitiba:Edição do autor,2007.212p.:Il;21cm
SANTOS, Lucíola L. C. P, MOREIRA, Antonio Flávio. Questões de seleção e de organização do conhecimento. Idéias, São Paulo, n,26, p.47-65, 1995.