quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Que fruta você tem sido?



Não somos inoxidáveis, envelhecemos como uma maçã na fruteira. Isso é fato. É engraçado como a vida é uma grande salada de frutas onde tem de tudo um pouco: gente-laranja que, não sendo mais útil é jogada fora; gente-morango, bonitinha, certinha, delicadinha, por fora... mas ácida e só serve pra enfeitar, tem uma preocupação enorme com a beleza material; gente-abacaxi, que é doce por dentro, mas a casca é grossa e precisa ser retirada com jeito; tem gente-mamão...ficar perto dá até dor de barriga!

Tem gente-melancia que dá um bom caldo, mas é difícil de carregar e lotada de sementes! E tem também gente-uva que tem um grande potencial, serve pra muitas coisas, mas não se pode engolir (pois não foi feita pra ser engolida, só saboreada). Como diz a Martha Medeiros (autora de Divã), tem gente "fruta-do-conde: muito mais difícil de comer do que se pensa!".

Tem gente-mexerica, cheia de facetas e personalidade - pra degustar você precisa ir devagar, sem pressa. Tem também gente-manga, só dá trabalho! E gente-pera? Interessante à primeira vista, mas totalmente sem tesão pela vida, é seca e sem-graça.

O tipo mais triste é, sem dúvida, gente-banana: pra devorar é só tirar a casca, sem cerimônia e sem vontade-própria, fica sempre na mão dos outros e não dura muito tempo! Eu gosto mesmo é de gente goiaba, suculenta, macia, sacia a fome de conteúdo, é generosa e simples: não tá nem aí de ser como é, a casca é fina, delicada, mas contém uma mandala em forma de sementes.

A goiaba é tão autêntica que assume os próprios bichinhos. Ops...ia me esquecendo de gente- limão...aff! Sempre azeda, coitada! Mas tem conserto: açúcar nela, na veia! Não podemos nos esquecer de que há também gente-pêssego, gostosa, suculenta e cheirosa, dá vontade de ficar só olhando, vendo com os olhos e lambendo com a testa. Dá vontade de morder...nnnnnnnhac!

A verdade é que todos nós, em algum momento da vida, homens ou mulheres, nas tantas situações que vivemos e escolhemos viver, nos assemelhamos a uma fruta. Nós optamos, não é a vida, o destino, os astros, os planos de Deus (Deus tem mais o que fazer, vai...), o governo, nossos pais ou parceiros que escolhem. O incrível e o terrível é isso, a responsabilidade é intransferível.

Não podemos atribuir a culpa a ninguém. Decidimos - consciente ou inconscientemente, qual a fruta seremos. Adoooooro isso! É desafiador, é estimulante você compreender essa dinâmica da salada de frutas e perceber quem você está escolhendo ser. Essa forma lúdica e gastronômica de pensar a realidade me seduz. E viver se torna tão simples como fazer parte do pomar do quintal de Deus...