quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A sociedade invisível


Francisco Ferreira da Silva Júnior

Sou uma pessoa como outra qualquer. Não sou um fantasma a perambular pelas ruas. Tenho sentimentos, sou feito de carne e osso. Mas me sinto um ser invisível, inútil para a minha família e para a sociedade, já que as pessoas recusam a me ver”. Esse é o sentimento de muitas pessoas que vivem nas ruas ou possuem profissões sem “status”.

Isso acontece principalmente com os moradores de rua, mas há também as pessoas que não moram na rua e convivem com isso diariamente, como os garis, lixeiros, porteiros, entre outras profissões consideradas “não dignas”, como algumas pessoas com o “rei na barriga” pensam.

Para muita gente, morar na rua é sinônimo de pessoas vagabundas, preguiçosas e que não querem trabalhar. Realmente existe esse tipo de pessoas, como existe em qualquer classe social, que se aproveitam da fragilidade do ser humano e passam a explora os sentimentos de dor e compaixão.

Infelizmente, o ser humano não leva em conta o que a pessoa é ou sente, apenas enxerga a sua função social, ou melhor, o “status” que ela representa perante a sociedade, o lugar que ocupa e vive. Muitos estão nas ruas por não conseguirem um emprego, por ser dependente químico ou alcoólatra, e os que conseguem um serviço sem o “status”, são marginalizados por um trabalho que executam dignamente.

Existe a possibilidade de mudar essa situação? Sim, basta que a sociedade mude seu jeito de olhar para as pessoas, como se eles fossem um lixo, algo desprezível. Pois, mesmo que as pessoas não digam, apenas um olhar de desprezo, de nojo, de reprovação, já dá para entender o que elas pensam.