segunda-feira, 4 de junho de 2012

O frio


O Excluído

A noite chega, fria e escura, envolvendo-me em um silêncio completamente sem sentido. Permaneço imóvel encostado na janela, procurando estrelas no céu completamente escuro.

Permaneço imóvel, enquanto o frio toca minha pele e faz com que eu me contorça buscando a coberta que deixei cair.

Eu permaneço imóvel, tentando não falar, tentando não ver meu reflexo na janela, tentando achar uma estrela no céu para me distrair.

Permaneço imóvel, evitando pensar porque eu estou aqui, tentando esconder-me em qualquer lugar, de alguma coisa que eu nem sei o que é.

…E assim, a noite se vai. Entre uma tentativa e outra, entre uma folha e outra, entre uma fuga e outra, as horas vão passando e nada vai mudando, deve ser porque o meu relógio continua travado, na mesma hora em que eu me perguntei por que estou aqui, parado, encostado na janela, sentido o frio passar por minha pele e, aos poucos, se misturar com gosto de sua boca. Continua travado no mesmo minuto em que senti a falta dos seus braços para me aquecer em mais uma noite fria.

Continua travado… no mesmo segundo em que eu permaneço imóvel, enrolando no meu cobertor com orelhinha, desenhando seu nome na janela.

Continua travado… enquanto eu vejo a luz do sol entrar pela janela e percebo que passei a noite olhando o reflexo da porta aberta com um só pensamento.

Continua travado… esperando você passar por aquela porta e fazer o frio parar.