quinta-feira, 14 de junho de 2012

Um conto de réis/Liberte o tempo


Rita Lavoyer

UM CONTO DE RÉIS!
Autor- José Geraldo Martinez

Engraçado como era simples
a vida que antes vivia...
Um conto de réis o bastante
trazia muita alegria!
E nem precisava muito,
algumas bolinhas de gude...
Azuis, verdes, amarelinhas!
Um piso de chão, as birocas...
Engoliam a tarde inteirinha...

Quando não, um rolimã!
Lá vinha ladeira abaixo...
Os cabelos queimados no sol,
a exibir belos cachos!


Hoje tudo é tão caro...
E não se compra a revelia!
Imagina! Não é tão raro
pagar um absurdo na alegria...


Eletrônicos e componentes
são hoje o nosso quintal...
Crianças parecendo doentes,
a um mundo tão irreal!
Onde estão as vaquinhas
feitas de mangas?
As fazendas construídas
à sombra das cercas vivas
ou ao abrigo das varandas?


É tão triste...
A tela que hoje vejo!
Alegria comprada em caros papéis...


Notas de dólar ou euro,
moedas do estrangeiro...
E eu com meu conto de réis!


06-6-2012


"No rio da vida as águas do tempo curam tudo,
pois diluem no eterno as coisas passageiras."

(A.D)


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LIBERTE O TEMPO
Rita Lavoyer

Poeta, assim também choro
Esta dor que traz no teu peito
Já quis o tempo parar
Mas aprendi: não tem jeito!


O tempo é senhor de si mesmo
Não adianta prendê-lo nas mãos
Já o quis prisioneiro no passado
Foi quando, com ele, perdi a união.


Na ocasião, julgando-me dele proprietária
A ele paguei com a minha fortuna
Cegou-me o brilho da prata
E me vi dona de coisa nenhuma.


Preso naquele invólucro
Composto por todos os meus dedos
Quando abri minhas mãos
Nelas li um grande segredo:


Não tente em mim pôr tuas rédeas,
Não crave em você tamanha maldade
Pois estão na passagem do tempo
As lembranças que deixam saudade.


Se eu não passar como devo
Não verá a tua evolução.
Ande de mãos dadas comigo,
Respeite-me que farei de você
a minha eterna comunhão.