terça-feira, 17 de julho de 2012

A favor do "EU"


Amanda Lemos

Como saber quando agir? como ter a noção de que menos é mais? como saber que às vezes afastar-se um pouco, dar um tempo as coisas, ou melhor, dar um tempo ao seu próprio tempo seria a melhor solução? Como saber o que fazer hoje se soubéssemos que não falharíamos?

Me dei uma nova chance.

Resguardei um tempo para mim, o que não fazia há tempos, admito.

Decide que a única pessoa pela qual devesse ligar todos os dias, beijar no rosto, falar que ama, não estava muito longe, ou melhor não estava nem a meia quadra de minha casa.

Estava aqui, onde sempre esteve.

Sempre ouvindo e ouvindo delírios dos próximos, atendendo ligações nas madrugadas, servindo de lenço encharcado para lágrimas, dando colo, dando beijo, dando amparo.

Sim.

Esta pessoa estava sempre aqui, bem ali onde nunca parei para enxergar, de tanto olhar para o espelho para espreitar os cabelos, puxar os cílios com o rímel nunca me passou se quer uma leve impressão,.

Ah, mas estava ali.

Eu sempre estive ali.

Eu sim.

A única pessoa pela qual valeria noites sem dormir, e pensamentos fulminantes.

Me dou o direito agora a ser egoísta, e porque não ?

Como gritaria o mestre e enigmático Raul:
“Se você acha o que eu digo fascista
Mista, simplista ou antissocialista
Eu admito, você tá na pista
Eu sou ista, eu sou ego
Eu sou ista, eu sou ego
Eu sou egoísta, eu sou,
Eu sou egoísta, eu sou,
Por que não..”

Não que viva em uma fase “estilo de época romântica” prezando o individualismo e o puro ego burguês.

Me entendam bem.

Se trata de valorizar a única pessoa que pode lhe fazer feliz,... você mesma.

Alguém que você necessite implorar companhia e atenção,nunca mereceu se quer um “oi” no pré do relacionamento.

Não existe essa de correr atrás, garotas. Não se iludam.

Se você correu, quer dizer que nunca era na verdade para acontecer. Quando se gosta realmente de alguém, não se corre atrás, jamais. Fica. Não parti, não deixa, não caminha de volta à porta da frente, não vai embora por motivos simplistas.

Trata-se do óbvio, não me valorizando, quem valorizará ?

Está bem, está bem, tenho pais maravilhos, uma avó estupenda que dia após dia me tece elogios dos mais carinhosos, e sim, me valorizam como cada artéria que vibra em seus corpos.

Nada de egocentrismo aqui, não me critiquem, e admitam também, vocês sabem muito bem o que é sentir-se amada por seus familiares.

Mas digo do valor próprio, daquela coisa bem íntima que cada um mede do tamanho que lhe cair melhor: a auto-estima.

Aquela que faz você se sentir nas alturas, ou quiçá bem no fundo do poço.

Às vezes é bom mostrar ao coração quem está no comando, parar para refletir atitudes e se embrigar de felicidade.

E por que não ? Não machuca, pelo contrário. Não fere. Cura. Não engorda. Satisfaz. Não limita. Abrange.

Me doei esse tempo.

Merecido.

Época de férias, conciliando o útil ao agradável. Descanso e um pouco de reflexão. Recomendadíssimo.

Talvez percebam que muitas vezes em relacionamentos pesados cediam carinho ao próximo mas não era recíproco. Muito carinho sem nada em troca não é amor, não é gostar, não é afeto. É caridade.

Deixemos um pouco de lado o que fulano ou ciclano pensam a respeito.

O QUE VOCÊ PENSA A RESPEITO? O QUE VOCÊ FARIA? OU MELHOR, O QUE VOCÊ GOSTARIA DE FAZER?

DOSANDO A DOSE, VÁ E FAÇA.

Pode custar caro, eu sei, e ainda por cima pode ser uma tragédia. Ou pode ser tão bom e inesperado que se você não tivesse feito se arrependeria pelo resto da sua vida.

Chute o balde de vez em quando e expire tudo o que há de negativo.

É certeiro.

Fazer o bem atrai o que há de melhor em dobro, pode conferir.