Julio Ernesto Bahr
Sim, nós existimos. Creio que somos poucos. Basta olhar as fotos dos blogueiros que fazem parte do nosso cast de odiario.com. A maioria, jovens ou de meia-idade.
Os raros setentões que mantêm blogs são, geralmente, jornalistas ou articulistas de jornais. Vieram se adaptando às inovações tecnológicas das empresas onde trabalhavam ou ainda trabalham. São do tempo das laudas impressas nas quais datilografavam seus textos com as velhas máquinas de escrever manuais, depois encaminhadas para um revisor e daí para o linotipista. Passaram a datilografar seus textos em máquinas de escrever elétricas, e depois pularam para o teclado do computador.
Aos jornalistas, se juntam escritores e fotógrafos e alguns especialistas. Poucos!
A popularização da informática se deu nos anos 90. Muitos dos que já eram quase sessentões à época, não tiveram coragem para enfrentar a tecnologia da computação. São os setentões de hoje, que fogem do computador como o diabo da cruz.
Creio que sou uma exceção. Eu trabalhava em publicidade, na velha prancheta, até que tive de optar: ou enfrentava o computador e aprendia a lidar com sofisticados programas gráficos, ou entregava os pontos e enterrava minha cabeça na areia. Escolhi a primeira opção.
As possibilidades dos programas gráficos dão de vinte a zero na velha prancheta. Criações que levavam horas para ser executadas manualmente, com tintas, pinceis, tira-linhas, réguas e esquadros, passaram a ser elaboradas rapidamente e sobrava muito mais tempo para gastarmos na concepção de trabalhos sofisticados, diferenciados e bem resolvidos.
Os blogueiros setentões, ao contrário do que possam pensar os jovens, se dão muito bem com o computador. E levamos alguma vantagem: somos vividos, aprendemos muito com o decurso da vida, temos histórias para contar e senso crítico mais equilibrado, mais ponderado, fugindo dos arroubos e ímpetos juvenis.
Também temos coragem: a maioria dos textos de caráter político que os setentões escrevem irradia liberdade de expressão e de opinião. Não temos o rabo preso.
O sucesso ou fracasso de um blogueiro – seja jovem ou setentão – depende dos temas expostos, do jeito de escrever, do interesse que consegue despertar e da receptividade dos leitores. Quem sabe, estarei aqui ainda daqui a dez anos, no meu blog “Bahr-Baridades” escrevendo sobre os blogueiros oitentões?