domingo, 2 de setembro de 2012

Quer que eu conheça?


Matheus Farizatto

Uma amiga já me cantou a bola: “quero que você o conheça logo!”. Devo ter um prazo de sete dias, no máximo.

Fico lisonjeado com tamanha questão em me apresentarem os pretendentes. Só não sei se isso é bom sinal. Bem, não falo sobre a minha reação e sim sobre a situação e expectativa que este momento gera entre os dois principais envolvidos.

Não topo uma dessas por qualquer um, mas em caso de muito amigos até eu me arrumo em nome do tal encontro – e por minha curiosidade para saber que é o novo “ser”, assumo.

Sempre que aceito dou tudo de mim. Se for pizza na casa de um dos dois, levo até a sobremesa. Geralmente são bares. Quando chego, o casal já está a postos. O cara tomando sua cerveja como se ninguém mais viesse; e a moça amiga por sua vez nem pisca. Olha para mim com cara de quem está diante de um Papai Noel prestes a dizer qual será seu presente deste ano, enquanto eu cumprimento sua mais nova conquista.

“Ela falou muito de você.” – “Ah, é? Bem ou mal?” – E assim vai, entrando em profissões e cidade natal. Parece que é você quem está interessado no tal.

O difícil é prever quando arranjar o juri. Entre amigos, costuma ser logo no início da relação. Se pra eles não servem, sinal amarelo!

O verdadeiro vestibular de universidade pública ocorre quando o assunto é família. Outra amiga ergueu bloco a bloco do teto da catedral para o casamento: dos seus pais com os pais de seu namorado. Levou quatro anos. Quarenta e oito meses de namoro para só então os pais dos noivos se conhecerem. Se voou louça no jantar de apresentação? Nenhuma.

A maior repercussão neste caso acontece antes do encontro. A menina: “Pai, pelo amor de Deus, não brinca de peidar com a axila na frente deles!”. O rapaz: “Não, mãe, não, a mãe dela não é metida. Esta roupa está boa”.

Na experiência desta minha amiga, sucesso! As famílias se deram muito bem, sem muita formalidade e os noivos pagaram a conta satisfeitos. Agora é marcar o casamento.

De volta aos bares e pizzas, a coisa fica boa quando o “ser” ergue-se dizendo que vai ao banheiro. Três, dois, um: “E aí!? Fala! O que achou dele?!?”. Minha vez: elogio se o cara é bom, porém, nunca digo toda a verdade quando a situação é uma gelada. Isso fica para o almoço no outro dia. Afinal, há uma conta a dividir naquela mesa – apesar de que, quando a coisa não é boa, pago gentilmente a minha parte e digo que tenho outro compromisso. Isso geralmente é a deixa para minha amiga ficar gélida, com queda de pressão e boca branca por já saber o que significa. “Obrigado pelo convite. Foi ótimo. Prazer em conhecê-lo”.