domingo, 21 de outubro de 2012

Homofóbico... Eu?


Manoel Fernando dos Santos

"Que a educação dos jovens nos dia de hoje lhes oculta o papel que a sexualidade desempenhará em suas vidas, não constitui a única censura que somos obrigados a fazer contra ela. Seu outro pecado é não prepará-lo para a agressividade da qual se acham destinados a ser tornarem objetos. Ao encaminhar os jovens para vida com essa falsa orientação psicológica, a educação se comporta como se devesse equipar pessoas que partem para expedição polar com traje de verão e mapas dos lagos italianos. Torna-se evidente, nesse fato, que se estar fazendo um certo mal uso das exigências éticas. A rigidez dessas exigências não causaria tanto prejuízo se a educação dissesse: “É assim que os homens deveriam ser para serem felizes, mas terão de levar em conta que eles não são assim”. Pelo contr& aacute;rio, os jovens são levados a acreditar que todos os outros são virtuosos. É nisso que se baseia a exigência de que também os jovens sejam virtuosos".
Sigmund Freud

Deduzo eu, que Sigmund Freud, jamais julgou em algum momento que seu tratado psicanalítico, pudesse servir para justificar atitudes ou mesmo de argumentos, em defesa de interesses de indivíduos homossexuais. Ele que por sua vez, postulou essa questão, como resultado da relação estabelecida com os pais e, portanto, passível de “cura”, que sempre julgou ser possível a “conversão” de homossexuais, em heterossexuais. Ver a aplicação de seus escritos, usados indevidamente fora de contexto, como manipulação argumentativa, em embate político – pedagógico, com intuito de fomentar o comportamento homossexual no âmbito escolar.

A análise da produção discursiva dos grupos homossexuais tem um caráter impositivo e não trafega no campo das ideais. Problematizando a homossexualidade e educação escolar. Não é atribuição docente plasmar aos seus alunos uma identidade sexual, mas apontar caminho para um debate salutar, onde todos tenham voz, tenham vez. Tendo como força impulsionadora, conjunto de outras aptidões; esclarecer como as ciências humanas lidam nas questões interpessoais. A tarefa de rotular e classificar as pessoas como diferente ficam a critério dos conceitos humanos, não é uma especificidade da gestão escolar.

Tais grupos como em um espelho narcisista contempla suas virtudes e visam privilégios por intermédio de leis especificas, negando ao diferente o direito de se posicionar. E os que se posiciona contrariamente são taxados por doentes; fobia (medo mórbido; aversão), quando na verdade neles, é que se instala o conflito, querendo impor por força de lei, suas condições, pelo fato de não se verem como iguais. Nisto se faz diferentes, quando essa parcela da sociedade, se julgam no direito de ter privilégio da lei.

A lei que puni a agressão ao homossexual é mesma que puni o agressor da mulher, do negro, do nordestino. E se a punição não acontece aos rigores da lei, me junto aos grupos homossexuais para fazer prevalecer os seus direitos de cidadão. Isso sim é ser igual, (homo), ao contrario da reivindicação de privilegio.

Homofóbico... Eu? Que sou oriundo da negritude deste país, que por conta de tudo isso, pela exclusão social, pelo serviço escravo de meus antepassados, nunca exigiu ser amado por ser negro! Mas que exigiu e exigi ser respeitado como cidadão deste país. Lutei e luto de forma digna, para que todos tenham direitos e possam ser vistos, em toda sua essência e brasilidade.

Homofóbico... Eu? Que mesmo nascido e criado em uma vila militar, por ser filho de militar; na mais tenra idade lutou contra o regime ditatorial que assolava nossas almas. Que muitas vezes desfilou em passeatas gritando palavras de ordem, engrossando o coro de musica de protesto, contra o regime, em pleno Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro, vigilante e receoso das forças policiais militares. Que foi para as ruas, de maneira ordeira e pacifica reivindicar o repatriamento de nossos brasileiros no exílio, com gritos a favor de uma anistia, Ampla, geral e irrestrita. Quando um palanque era montado, lá estava eu, revigorado em meu idealismo.

Irmanados em um mesmo propósito e pelo voto democrático elegemos o presidente, após o golpe de 1964. E em um clamor popular destituímos o presidente, na ação mais democrática da história deste país. Minha cara enrugada deu vez a uma cara pintada, do qual me sinto orgulhoso por ter podido contribuir na construção da cidadania.

Homofóbico... Eu? A onde estavam os grupos homossexuais, quando o país passava por essas transformações? Quais foram os engajamentos sociais, destes grupos? Ter direitos significa também, ter responsabilidade. Reivindicar direitos não é necessariamente ter uma causa, não é somente fica olhando para o umbigo se achando lindo e maravilhoso. Enquanto vemos a organização de passeatas, com demonstração de orgulho Gay, como forma legitima de direito ao respeito e a dignidade, se transformar em um atentado violento ao pudor, incentivo a promiscuidade, desacato, aliciamento... Entendo que nossos irmãos homossexuais, queiram ser vistos como tais e, que pelas suas óticas prevalecem arraigados preconceitos. Mas na verdade, o que a eles passam despercebido, é que seu reconhecimento, é de cidadão; sendo comum a todos.

A sobrevivência do conceito, mesmo com todas suas evidentes contradições, trata-se da manutenção e sobrevivência da humanidade. Querer motivar o comportamento homossexual no âmbito escolar, mesmo que seja em mensagem subliminar, pode impor conceito e, esse não é papel da escola. Haja! Visto o ocorrido na Alemanha, quando Hitler com seu discurso fascista alcança a escola, ai se estabeleceu o caos. Famílias são desagregadas, pais se voltaram contra filhos, filhos condenaram pais e os entrega a mão forte do nazismo. Escola é pluralidade, ela não pode ser instrumento de manipulação de determinados seguimentos, é aonde as crianças chegam com a sua leitura de mundo e, sai homens capazes de reescrevê-lo.