terça-feira, 9 de outubro de 2012

Idade


O Excluído

É, minha cara, hoje vendem verdades em bares. Vendem coragem em latas e garrafas. Vendem educação na televisão. É minha cara, hoje somos todos velhos, ultrapassados, retro e quadrados, somos até antiquados, pois lemos o papel e insistimos em escutar o rádio.

É, minha cara, amanha seremos o quê? Seremos mais velhos? Seremos conformados? Ou seremos revoltados? Punks? O quê seremos minha cara, o quê seremos?

Olharemos através das grades das janelas de nossa cassa e não veremos nada. Olharemos e talvez veremos jovens caminhando com seus fones barulhentos e olhos fechados. Olharemos e talvez veremos os mesmo pares de sapato, os mesmos cortes de cabelo, as mesmas tatuagens e piercing, as mesmas sequencias de palavras sobre ser diferente.

Olharemos e não veremos nada. Mas, e dão, minha cara, e daí? Somos velhos, somos todos velhos demais e quem sabe, nossa visão esteja prejudicada e, quem sabe, somos nós que estamos precisando de lentes divergentes.

E quem sabe, minha cara, nós é que precisamos de aparelhos de surdez. E quem sabe nos é que precisamos comprar televisões coloridas e essas latas de coragem e sabedoria que vem por aí. E quem sabe, minha cara, quem sabe realmente somos demasiados idosos. E quem sabe minha cara, quem sabe?