Ventura Picasso
Mário Moreno - Cantinflas |
"Se você quiser dar o salário pro cara dê. O cargo eu não dou"! Aí a briga começou.
Como seria o encontro entre Cantinflas e Almodóvar para ler na mesa o roteiro do mensalão?
Oh vida dura! A biografia do ministro Joaquim Barbosa, nos surpreende, ao mostrar sua origem: além de pobre e negro, arrimo de família entre oito irmãos. As variáveis preconceituosas, o racismo daltônico sapateava, buliçosamente, em seu palco. Não há preconceito, entre iguais, no Brasil?
Se por seu lado "comeu o pão que o diabo amassou", por outro socializando a miséria, coisa que só os pobres são capazes reservou, uma fatia daquele pão envelhecido, ao ex-ministro Chefe da Casa Civil José Dirceu.
- É mensalão!
- É caixa dois!
O grande ministro do STF defendeu e ganhou: É mensalão sem Habeas Corpus. A última palavra é a primeira que detém o poder; que manda.
Essa novidade na justiça maior do Brasil criada pelo ministro Joaquim, quer queiramos ou não, nos faz relembrar momentos contraditórios e degradantes, proporcionados por HCs coloridos.
Baseados em parcerias suspeitas, alguns HCs concedidos pela nossa última instância da lei. Lá no fundo do baú, podemos ver, o simpático e divertido banqueiro Cacciola e Dani Dantas, que inspiraram a Súmula Vinculante nº11, popularmente conhecida como "Súmula Cacciola-Dantas, ou o 'adeus às algemas'.
Juízes federais, no entanto, debocham e protestam contra a súmula ridícula.
Roger Abdelmassih, outra aberração 'legal' do velho STF. Estava na cadeia, meteu sob o braço um HC e aterrissou no Líbano. Ele nos deve 278 anos de prisão por ter violentado 37 senhoras.
O despejo coletivo da Comunidade Pinheirinho que ocupava o terreno pertencente à massa falida da Seleta S/A do manjado Naji Nahas, representa uma força estranha conhecida pelos pobres: "A corda arrebenta no lado mais fraco".
Angélica A. S. Teodoro furtou num supermercado um pote de manteiga de R$3,10. Após cinco meses de prisão foi decidido, a seu favor, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) um HC de soltura. O juiz não lê a realidade, apenas o Código Penal.
Joaquim Barbosa mineiro de Paracatu encontrou uma mineira de Belo Horizonte, na papelada do Gurgel, presidente do mineiro Banco Rural, Katia Rabello. Minas Gerais é um tapete acobertando um número desconhecido de corruptos. Nada contra o Estado mineiro do leite, do queijo e do Azeredo. Quem conhece sua história e sua geografia, um dos estados mais lindos do Brasil.
J. Barbosa não perdeu a oportunidade, condenou Katia Rabello, na Ação Penal 470. A primeira condenação feminina do STF ninguém esquece. Ela Dançou. Não esquece também o envolvimento 'acidental' do Banco Rural no esquema PC Farias. Há quanto tempo!
O julgamento é político, ideológico e por isso emocional. O trato entre políticos, investidos de mandato ou de cargo executivo, não cabe gentilezas. Solidariedade ou qualquer outra dose que sugira compreensões emocionais, muito menos. O cargo, o espaço ocupado por um quadro, sempre será o objetivo de outrem.
Uma frase forte, finalizando uma cobrança, de alguém que não renunciou: "Se você quiser dar o salário de presidente pro cara, dê; o cargo eu não dou"! Aí a briga começou.
O espaço da justiça em sua instância de poder, como ensinou Montesquieu (executivo;legislativo;judiciário), por direito cabe ao político munido de suas imunidades, defender com seu discurso, contra ou a favor de um objetivo, em seu ambiente público.
O grito do afogado que agarra qualquer coisa para flutuar, partiu da boca de Roberto Jeferson, com o intuito de salvar a própria pele, para liquidar com a carreira política de José Dirceu:
- O chefe do mensalão é Zé Dirceu, bradou Jeferson. Eis a evidência criminosa.
Em política, o discurso é volátil, pode ser verdadeiro ou não. Nos tribunais onde se julgam crimes, o aditivo principal são as provas concretas reais e legitimas, para se chegar a um resultado justo. Ouvi dizer que disseram, não presta como prova.
É possível acreditar na palavra de RJ? Há entre os ministro os que acreditam sem o menor esforço: "Bati o olho na porta do armário" falou o deputado. O armário em questão, possivelmente, seja um dos seguranças da Esplanada.
Onde entra Maquiavel, e em que capitulo dessa história, com sua sabedoria política? A luta pelo poder de forças independentes e tão próximas, legislativo e judiciário, ambas ante a precariedade moral, perante a sociedade, o roto punindo o rasgado, num momento de grande exposição midiática, em plena campanha eleitoral a honra do supremo exposta será lavada.
Os brasileiros não aceitam mais presos com colarinho branco sem algemas. Chega! Quem perde na primeira e segunda instância não merece acesso ao STJ, muito menos receber de algum figurão togado um Habeas Corpus dourado.
As reflexões políticas de Machiavelli (1469-1527), sobre corrupção estão presentes em todos os personagens, entre juízes e suspeitos, num formato senoidal e ninguém pode dizer que não é isso. Após o poder político conquistado justificam-se os crimes de traições, saques, falsidades ideológicas; vender liberdades e propriedades do Estado como se fossem bens privados; Roubar? Nesse meio, "os fins justificam os meios"?
Aguardamos a extinção das coligações e dos partidos nanicos, a eliminação dos cargos comissionados; Queremos o financiamento público de campanha, acabar com as emendas parlamentares, com a frota de automóveis de vereadores, deputados e senadores, com o fim dos apartamentos funcionais e impedir a distribuição farta de dinheiro público entre um coletivo gigantesco de assessores, absolutamente, descartáveis.
Não é pouca coisa, para o próximo presidente do STF o juíz Joaquim Barbosa, tudo é possível. Coragem não lhe falta. Aquela coragem de moleque de rua, aquele moleque que pode mudar a sociedade. Sociedade pobre que precisa de coragem, antes de qualquer coisa, para ser pobre.
O menino ainda não mudou o Brasil - menos, Veja, menos... - Há poucos dias, um dos pares de JB, declarou durante um 'bate boca' emocional, que este não estaria preparado para assumir a presidência do supremo. "Não é assim Joaquim".
Para isso bastam as evidências?
- E as provas?
-Só lá no posto Ipiranga!
* "No sospecho de nadie, pero desconfio de todos".
A desconfiança sufoca nossa consciência. Pensar em crer no supremo, mas com que roupa? De uma hora para outra, Senhor ministro, cede uma exclusiva para a Globo? Furou o esquema - as altas mídias não estão à procura de justiça - a direita quer os préstimos do juiz.
E nós que optamos pelo caixa dois, qual é o nosso caminho, para acreditar e conviver neste universo escandaloso? O juíz Ricardo Lewandoviski quer provas. As evidências são ou não são suficientes? E a razão, o contraditório e a dignidade etc. Coisas estranhas acontecem nesse ambiente habitado por funcionários públicos, otimamente remunerados, que não abdicam nada do "por fora".
Almodóvar faria uma comédia feminina erótica e deliciosa. Lá nas Alagoas, o ex-prefeito Beroaldo pagou no Amanda Night Club, um show erótico, com cheque da prefeitura sem fundos. A gostosona Denise Rocha transformou o gabinete de um senador em locação de filme privé.
O ambiente é pesado. Difícil acreditar que estão acontecendo coisas novas no palco da justiça. Perdoe-nos ministro, mas vamos dar um tempo.
Pra nós os leigos: É caixa dois!