quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Com a palavra, a autora


Vanessa Barbosa

A palavra me afronta de tal maneira que para expelir todos os seus significados sou capaz de antes provar com quantos paus se faz uma canoa. Deixemos de notar as palavras em conjunto para enxergar o bê-á-bá de cada uma em si. De suas sintaxes, morfologias e fonemas, deixa-se penetrar no papel, navegar em suas curvas e enfeitar os is.

Todos que sabem ler sabem escrever, mas nem todo mundo que escreve sabe ler, alguns sabem apenas transcrever, redigir, ouvir e repassar, outros vão logo ao ctrl+c ctrl+v. Quem lê conhece palavra por palavra, se topa com a desconhecida procura pelo significado e se faz amigo, é capaz de traçar suas próprias histórias, juntar sonho e realidade, construir um português americanizado com traços africanos e contornos da sua mãe tupi, ou quem sabe um guarani europeu.

De letra em letra se faz a palavra, que sozinha já é poesia complexa, nuvem inebriante de imaginação. Um salve para quem sabe ler, palmas a você que transforma castelos em palavras, pois quem consegue a isto não tem limitações de alma.