Texto de Jefferson Almeida
Lia o livro de minha amiga Eliana Lalucci (aliás, que livro!) e refletia sobre minha vida profissional. Afinal, se passaram mais de 30 anos de serviço, muitos deles afastado de minha família. Não raras vezes preferi a atividade policial! Várias vezes deixei minha família de lado, em segundo plano. Foram vários natais, aniversários, feriados...sempre pensando estar certo.
Hoje me pergunto qual teria sido o motivo deste comportamento. Confesso que não consigo encontrar uma resposta adequada, pois no início da carreira dizia que era para “proteger e servir” à comunidade, inclusive, se necessário, com o sacrifício da própria vida (e quase que isto aconteceu por várias vezes!). Já próximo ao fim, o grand finale, de meu tempo de serviço, queria mesmo a promoção ao último posto.
Hoje, ainda, sem o grand finale, trabalho sem qualquer objetivo profissional. Que desespero para aquele que sempre entendeu e planejou seu futuro. Concluo, neste apenas finale, que sempre estive errado nestes 30 anos de trabalho. Devia ter entendido minha profissão como um emprego que me dava a contrapartida financeira para fazer frente as minhas necessidades básicas (aliás, serve somente para isto!).
Apenas um emprego, uma atividade laboral. Mas, não foi assim. Levei minha profissão como um sacerdócio (afinal, meus instrutores ensinavam que isto era o correto), com completa dedicação. “Bumbo no pé direito!” e “Mensagem a Garcia”.
Grande erro! Deixei de viver minha própria vida e vivi a vida de pessoas que nem mesmo conhecia. Por quê? No rascunho deste texto respondi que havia sido pela Instituição, mas agora, finalizando, tenho convicção de que ela não merecia. Prefiro acreditar que foi pelo meu semelhante.
Agora, na véspera de minha inatividade (sim, INATIVIDADE, pois aqui não nos aposentamos, ficamos INATIVOS), penso o quanto é preciso humanizar a Instituição (e não preciso dizer qual, pois vocês que me conhecem sabem...), fazer com que ela entenda que o ser humano não se resume a um “número escrito a lápis numa folha de papel”.
Busco agora, vendo um vídeo feito por um grande amigo, PHLazarini, decido trilhar um novo caminho. Mas, ainda sofro com as “vias negativas” da resistência, da indecisão, da frustração e, quem diria, da protelação. Isto sem falar das mágoas e ressentimentos. Trabalho agora “em mim mesmo”, com paciência e confiança. Tento entender que a “promessa de sacrificar a própria vida em prol da sociedade” chega ao fim, que o direito de escolher meu futuro retorna a minha autodeterminação.
Dignidade e respeito devem voltar ao meu rol de percepção. A confiança anda comigo e me estimula a persistir nesta “nova vida”.
Obrigado amiga, pela experiência e ensinamento. Que venha a coragem, a vibração e o entusiasmo.
Chega a hora de abrir aquele presente...25 anos...de meu amigo Jorge Luiz.
PS: e ainda ficam perguntando para meus amigos como estou lidando com a preterição e com a cangalha...Acho que respondi a todos!