domingo, 26 de setembro de 2010

Voo rumo à cidadania


Texto de Hamilton Brito

Senhores e senhoras, aqui fala o comandante deste voo, que ora decola rumo às eleições; façam um bom percurso e que Deus nos ajude.

É comum ouvir de pessoas de “fina estampa” que eleição é isso e aquilo, que o voto não deveria ser obrigatório, que nas eleições as pessoas deveriam ir para um retiro, que não há renovação de políticos e o resultado é a repetição de velhos vícios.

Quem entra para uma disputa eleitoral, acusa o opositor de fazer política com as “ mãos sujas”; bastou ganhar uma eleição e está lá: não há sabão suficiente.
O cenário não muda, os atores não mudam e o que é pior, permanecemos presos às nossas ultrapassadas convicções: Ah! Não adianta votar.

Em verdade, digo: não votar com consciência é pior.

Outro dia li uma manchete: “A esquerda somos nós”; e eu pensando que esse negócio de direita, centro e esquerda, hoje, fosse coisa de mão de trânsito. Nada disso, sem essas baboseiras, como um político-raposa vai filosofar.

“Falando assim, até parece que o PSDB está à esquerda do PT”,

“Mas nós estamos à esquerda mesmo”, “ o PT não é esquerda. Já foi”

Parece coisa do Heráclito.

-Uai, esse eu não conheço, candidato a quê?

-Não é candidato, é um filósofo maluco que dizia que o que é, não é. O que não é, é. O que... Sei lá mais o quê. Ou seja, para ele tudo se origina na oposição dos contrários.

Quando a Rita Lavoyer deu essa aula de filosofia no Grupo Experimental, pensei: “Tadinha, ficou igual”.

Quando um governante é pego com a mão na botija, diz que cometeu equívocos. Quando é o adversário, ai sim é safado, corrupto.

E o Congresso, as comissões parlamentares de inquérito, como diz famosa música: “tudo acabado e nada mais...”

Chegou a um ponto a encrenca, que uma política aqui da vizinhança disse: “ hoy, resulta que es lo mismo ser derecho que traidor”

Eis a confirmação do que disse aquele maluco: é mas não parece. Parece mas não é. Deus!

Então, o que se presume, é que deve haver por parte das pessoas de boa vontade, preocupação para que desenvolvam esforços no sentido de convencer a sociedade a se mobilizar para acabar com a ideia que eleição é porcaria, que todos os políticos são corruptos e que nada mais vale a pena. Somos frutos da política vinte e quatro horas por dia. Ao dar uma descarga, haverá injunções de ordem política no fato.

Na eleição, vá para um retiro, não vote e você verá aumentar o número de crianças na rua, o número de desabrigados, maior delinquência, maior lotação dos presídios, mensalidades escolares mais caras, menos salas de aulas...e o culpado é você. Sem tirar nem por.

Há quem diga que: “político de carreira é aquele que faz de cada solução, um problema”

Não sei se é verdade ou não. Para que não corramos o risco, vejamos se entre os nomes a serem sufragados na eleição vindoura, existe algum que não se encaixe nesse perfil.

Parece que as coisas estão melhorando. Enquete da Folha da Região mostra que 47.16% acompanham a vida política. Somemos os 36.93% que procuram se informar e teremos um quadro animador.

É bem verdade que os retiros ficarão vazios, mas uma oração estará sendo rezada na postura consciente de um eleitor exercendo a sua cidadania. Talvez seja por onde começar a ter consciência no ato de votar.