sábado, 20 de novembro de 2010

20 de novembro: feriado ou reflexão?


Texto de Lucimara Souza

Hoje trago aqui algumas palavras para reflexão sobre o Dia da Consciência Negra. Muitos não sabem, mas a data foi instituída por causa da morte de Zumbi de Palmares, em 1695, precisamente em 20 de novembro daquele ano. Ele foi um grande líder negro reconhecido por seu espírito de luta contra a escravidão.

Pelo que consta em nossa história e aprendemos na escola desde pequenos, o Brasil teve seus heróis, dentre eles, o que agora me vêm à memória, Tiradentes. Este foi reconhecido no Brasil como herói nacional, patrono cívico e mártir da Inconfidência Mineira. Foi morto porque se rebelou contra o poder da metrópole Portugal.

É... Parece que sempre foi assim, não é mesmo?! Aqueles que batem de frente com o poder e protestam fazendo valer seus direitos levaram e continuam levando a pior.

Mas por que falar de Tiradentes? O que tem a ver com o Dia da Consciência Negra ou Zumbi de Palmares? A relação que pretendi fazer é a seguinte: nós, a partir nos anos iniciais na escola, aprendemos o significado do dia 21 de abril, afinal, precisamos manter vivo nosso patrimônio histórico cultural e homenagear aquele que sabemos ter sido um verdadeiro líder.

Comemorar o Dia da Consciência Negra, portanto, deve ser interpretado da mesma forma. É igualmente uma maneira de manter viva em nossa memória as lutas de um povo, especificamente o povo negro, representado por Zumbi de Palmares, símbolo da resistência e luta pelo fim da escravidão, pela liberdade de culto e pela inserção da cultura africana.

Em uma breve explanação, digo que o posteriormente chamado Zumbi nasceu livre, em Palmares, e até parte da adolescência foi criado por um religioso que deu a ele nome de Francisco. Foi inclusive alfabetizado. Jovem ainda, inconformado e sofrendo ao observar a vida de seus irmãos de raça, na condição de escravos, se rebelou e fugiu retornando à sua origem, onde imperou e passou a liderar a resistência contra as tropas lusas, pela liberdade dos escravos.

Externando todo seu espírito de luta, mostrou-se guerreiro, corajoso, ganhando, assim, o respeito de todos aqueles por quem ele brigava. Muitas pessoas desconhecem o passado histórico e por este motivo perguntam: celebrar um dia vai acabar com preconceito contra a raça negra?

Não! Justamente porque o propósito não é este. A intenção da comemoração do Dia da Consciência Negra é conduzir as pessoas à reflexão acerca de um passado que envolveu um líder negro também de relevante papel para a história, assim como sobre a inclusão dos afrodescendentes de forma igualitária em nossa sociedade.

A data foi, até mesmo, inserida no calendário escolar, através da lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003, tornando obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, a fim de transmitir aos alunos a importância do negro na formação da sociedade nacional e sua cultura.

Interessante, não?! Mas será que se incluem ações que preparem professores para fazer cumprir a tal lei?
Isto deve ser uma preocupação da união, do estado e dos municípios, pois de nada adianta somente os professores engajados com a promoção da igualdade racial buscarem ferramentas que possibilitem seus trabalhos dentro deste contexto.

Reiterando, em especial, a data de 20 de novembro, é possível compreender que não devemos considerá-la um mero feriado para descanso, mas sim um resgate a um símbolo liderança a favor da emancipação do povo brasileiro e uma maneira de revigorar toda força em defesa da justiça e equidade.

A questão racial é antiga, ampla, extremamente polêmica e contínua. As opiniões são, por conseguinte, bastante divergentes e é isto que sempre irá enriquecer discussões.