Texto de José Hamilton de Brito
Antigamente
punha-me a olhar o céu...
Ficava horas e horas
a contemplá-lo.
As nuvens,
em movimentos constantes,
formavam
em inesperados instantes,
as mais incríveis figuras.
...E eu ali, a sonhar.
Faces formavam-se
na coreografia
e em vários momentos,
eu via
você a sorrir para mim.
Tinha que ser na primavera.
Deixei de ser
quem eu era
e para o céu,
parei de olhar.
Temia ver você lá
no alto
e entre nós
uma distância sem fim.
Não queria que me
visse caído,
derrotado e sofrido
buscando o meu
suspiro final.
Mas um anjo
apiedou-se de mim
e sussurrou-me
baixinho um conselho:
Filho, coloque-a no
seu coração.
Tire-a da cabeça.
É escombro.
Não a carregue
no ombro.
Vai ser feliz outra vez.