O que estar acontecendo com o ser humano? Existe um odor forte de seres em putrefação impregnando o ar, uma insensatez que beira as raias da loucura, loucura permeado de repudiada arrogância.
O homem pós-moderno está desesperadamente perdido em um “existencialismo secular”, despercebido do medo que lhe esconde a verdade, da verdade que lhe faz revelação e o conscientiza que ele nada é sem Deus.
Não estou me referindo ao deus das religiões, como um fenômeno filosófico e sociológico, não! Esse transforma o ser humano em “super-homem”, dando a ele a sensação de poder, do poder que constrói deuses biológicos capaz de conduzir a muitos cegos, pelas cegueiras congênitas de manipulação das verdades, fragiliza e ordena tocaia com discursos éticos de salvação e eternidade.
Não! Refiro-me ao Deus intocável e infinitamente perfeito. Com o qual o ser humano se descobre como ser pensante, extensão e movimento, constitutivo do mundo físico, incapaz de conceber o pensamento inato e só elaborar as ideias formadas pela ação dos sentidos. O homem se perdeu de Deus e se julgam alto suficientes, dando vazão os mais perversos sentidos, revertidos de sua miséria humana, preconizam a trágica subversão de humanidade.
Instauro-se, além do sentido do gozo, o fetichismo compulsório e incomportáveis transe, loucura, volúpia, ódio, seus “males mais atrozes” e íntimos. O estereótipo do fingimento, sublinhando os preconceitos em um frenesi de intolerância. De má consciência se volta ao profano como sujeito concreto, na vulgar concepção da certeza do belo, da cobiça famigerada que sem razão desconstrói o outro.
O ressentimento brota como tumor maligno, da malignidade forja o convívio amistoso e mata sem perdão a mão que lhe aponta o caminho. Feito holocausto de escritores maldito que desnorteado concebe a visão de horror, no verso o reverso de uma cantilena infeliz e nas mãos oferece à rosa de Hiroshima.
Onde alcançar lucidez? Se o grito do gueto é de que “Deus estar morto” e que a idéia deste Deus é que nos faz subumanos, “que tudo seria permitido se Deus não existisse.” Querem culpar a Deus por suas barbáries falando que ele não estar inocente dos horrores que nós mesmos temos cometido, alheio como se não existisse ou mesmo se fingindo de morto, para não assumir a responsabilidade de ter criado o universo e colocado ali, seres que vagueiam vazios praticando toda sorte de crimes.
Lavam as mãos de seus atos cometidos, julgam e crucificam como se deuses fossem, não há inocente! O deus que o homem concebe não é o deus verdadeiro, ele é a ferramenta, um subterfúgio de suas maldades, um meio utilizado para aliviar a consciência e justificar suas atrocidades.
O deus assassino das torres do World Trade Center, do eixo religioso em que Wellington Menezes de Oliveira condenou a morte 12 crianças, o deus da Santa inquisição. Santificada seja a repugnância, deuses biológico! Porque retém em mim a capacidade de me indignar, aflora toda minha essência humana, na busca do Deus que não compactua com isso, o Deus que me faz um com ele sem a pretensão de ser maior que ele.
Não! Não quero o deus de Nietzsche, muito menos “o fator deus” de Saramago, esse em seu âmago reflete a condição humana e com rancores semeiam pecados. Quero o Deus dos deuses da terra, cujo á essência não se corrompe, em gestos excede a boa mão de generosidade. O Deus que edifica muros e abranda a fúria da natureza, que diz ao mar, aquieta-te; eu sou o vosso Senhor e Deus!
O Deus que não é conduzido em procissão, mais ético e moral permite a procissão dos mortos, permite que falem dele, como se intimo dele fossem, buscando sua presença em uma reza vazia de adulterações. Mais como encontrá-lo? Se os ecos de suas vozes têm “boca e não falam, tem ouvidos e não ouve, tem olhos e não vêem”.
Mesmo assim ele não deixa de cuidar, de dar indistintamente a mesma misericórdia, seu grande cuidado. Metafísico e transcendente, realidade primeira e suprema. Perdoai! Santo Deus e Eterno Pai! Em seus conflitos carregam barros como formas imateriais, equilibrando-os, em andores de suas percepções deturpadas, enquanto sacia em um êxtase místico de prostituição, a mentira de suas verdades.
Quero o Deus que ainda aposta no homem, que transforma o mal em bem, que ainda plasma no homem algo de bom. Quero a essência do fruto da virgem, como oferenda mais nobre em seu sangue purificador. Pobre de mim que não tem querer, a não ser o de alcançar o Deus verdadeiro, se nisso posso ele mesmo me fortalece.