quinta-feira, 30 de junho de 2011

Saco de pizza



Imagem: Itirapina. blogspot.com
O Departamento Jurídico da Câmara de Araçatuba encontrou no minidicionário Aurélio o argumento, inquestionável, para minimizar a denuncia, de existência de um saco de dinheiro para os vereadores.

Manchete da Folha da Região de 07/06/2011: ”Advogados da Câmara sugerem que ‘saco de dinheiro’ vire pizza”.

Em entrevista gravada, o vereador Joaquim (PDT), disse aos jornalistas da Folha da Região, Sergio Guzzi e Arnon Gomes: “Não retiro uma palavra, sobre o saco de dinheiro”.

No entender do minidicionário e do Dep. Jurídico, o vereador Joaquim da Stª. Casa falou, mas não disse nada.

Nós que não temos ‘memória’ sabemos, como o jurídico e o Aurélio sabem, que discurso é só falação abstrata. O cara fala, pensando ou sem pensar, e o conteúdo some, desaparece no éter. Mesmo gritando escandalosamente, a mais de 70 dB, aqui em Araçatuba, ninguém fiscaliza mesmo.

Temos uma dúzia de vereadores e seus ‘responsáveis’ discutindo, ou fazendo de conta que discutem o aumento de cadeiras na câmara. E não são poucos assentos, eles apostam em 19, que corresponde ao Pavão, mas há o que propõe apenas 9, que é o conhecido burro, segundo o mestre Aurélio (kubrusly.com).
Salvo a palavra do corajoso edil Joaquim, não temos nada de concreto que “se enquadre na categoria de irregularidade”. Mas, há uma pergunta que não foi feita. O tal saco de dinheiro, viria também para quem, vereador?

Quem ficou de fora dessa suposta denuncia na seguinte frase gravada pelos jornalistas: “Não, aí o comentário na cidade é que viria também um saco de dinheiro para os vereadores”. Quem ou quais pessoas estão escondidas sob o ‘adverbio’ também?

Não foram apenas os advogados da Câmara que abafaram o grito do vereador Joaquim, certamente, ele mesmo não gastou todas as informações de que dispõe. E guardou alguma coisa para dizer depois da bronca, tipo: “ouvi dizer”. E aí fica o dito pelo não dito. O imperdoável perdão!

Os limites individuais morais, éticos, sociais, religiosas etc. que cada pessoa traz desde a mais tenra idade, aparece na idade adulta, seja politico ou não. Ninguém é perfeito, mas o homem público se apresenta sempre como representante da comunidade, como eles dizem, por isso não tem o direito de dizer que ‘ouviu falar’. Como dizem os mais entusiasmados: Mato a cobra e mostro o pau (tchê)!

As convenções sociais, o conviver em sociedade, exige de nós uma reserva moral adequada aos nossos princípios tradicionais. Ninguém produz um ‘saco de pizza’ por nada.

O que é isso? Do que de trata? Balão de ensaio? Falar por falar é golpe! Isso é golpe; olha o golpe aí! Como dizia a ventríloqua do Nobrega na TV. Enquanto isso o debate com uma provável concessionária para as contas do DAEA, secretamente, prossegue sem marolinhas.

Qual o papel dos nossos vereadores? Quando escreve não assina; quando assina não lê! Quem tem coragem de aumentar o número de cadeiras? Essa informação não é encontrada no minidicionário Aurélio. Que saco!