sábado, 21 de janeiro de 2012

Musicalidade araçatubense


Pedro César Alves

Hoje tenho o maior prazer em escrever sobre uma arte milenar – e, com doce paixão! Estudei durante algum tempo da minha vida esta arte de manifestar os diversos afetos da nossa alma mediante o som – que é a música!

A música faz a gente viajar no tempo, principalmente as mais antigas – sem tirar o mérito das atuais, mas com ressalvas que muitas não passam de comerciais apenas – sem qualquer linha de conteúdo que se possa aproveitar. A viagem que a música proporciona eleva o espírito, rejuvenesce. Lembro-me perfeitamente dos meus dedos sobre as chaves da minha primeira clarineta em dó, madeira, de treze chaves – e eu, na força da minha juventude, fazia som a todo pulmão! Ganhei-a dos meus pais aos meus oito anos e a mantenho comigo até hoje – é relíquia, lembranças que não voltam mais. Às vezes, ainda arrisco algumas músicas nela.

Mas, passado o entusiasmo da musicalidade que me corre nas veias, venho discorrer sobre um importante canal que Araçatuba tem: a ALMA – Associação Livre dos Músicos de Araçatuba, que desde o último dezembro tem sua sede na Rua XV de Novembro, nº 185, e tem como presidente o senhor Daniel Freitas. E você, cidadão araçatubense, conhece este canal?

A ALMA, através do esforço de seu presidente e associados, vem desenvolvendo um excelente trabalho de reconstrução da memória musical da cidade de Araçatuba, pois muitas músicas que fizeram sucesso (e algumas ainda fazem) saíram de nossa terra. Na internet, a ALMA possuí um canal - http://www.youtube.com/user/MEMORIALDAALMA - que o cidadão do mundo pode ter acesso a mais de duzentos vídeos musicais e suas respectivas explicações – os amantes da música se deliciarão com o trabalho.

Gostaria de, além de citar também comentar os grandes nomes que por aqui passaram e lá estão registrados, mas não é possível por razão de espaço, mas os amantes das boas canções acessarão e poderão conferir – e, para deixar alguns com água na boca, cito: a banda The Yellows (com sucessos dos Beatles e da Jovem Guarda, embalaram bailes e festas entre as décadas de 60 e 70), a dupla araçatubense Cleyton & Cristiane (na década de 80), Calixto Marangoni (que iniciou seu trabalho artístico em 1981 – e deixou 180 canções de sua autoria, além de ser considerado um ‘papa festival’: conquistou dez festivais em Mato Grosso), José Calixto (que aqui chegou em 1976 e fez grandes trabalhos no cenário musical araçatubense), Edmundo Alves e João Santiago (que atuou da década de 50 até inicio da década de 80 – e foi reconhecido nacionalmente por grandes nomes da música brasileira, como Adoniram Barbosa e o grupo Demônios da Garoa), Tião Carreiro e Pardinho (que canta a belíssima canção ‘Filho de Araçatuba’ – que a levou por todo Brasil), Zé Renato Gimenes e Gustavo Barbosa Lima (com música de um povo imaginário), Mário Eugênio (que iniciou sua trajetória na música aos oito anos), o doutor Renato Monteiro, Grupo A Fábrica da Arte (com Márcio Kadá, Paulinho Belúcio, Rico Belúcio e Val Carvalho), Banda Fast Fusion, Mauro Rico, Rhany Lima, Marco Zambom, Juninho Abrão, Téo Dornellas, Grupo Corda & Voz, Olívio Tinti, Magno Martins, a dupla João Mulato e Douradinho, Mário Tozzi, o Duo Carajás (formado pelo casal de namorados Laerte e Tidinha) ; e fechando estes grandes nomes não poderia deixar de citar o Carlinhos do Cavaco (Carlinhos Santiago) que partiu de entre nós no último dia dezessete deste mês – o que deixa órfã a nossa cidade após longos setenta anos de musicalidade.

Araçatuba no cenário musical nacional sempre será lembrada pelas belíssimas canções que aqui foram produzidas, pelas vozes que daqui saíram – mas nem sempre o cidadão araçatubense tem conhecimento, mas nada mais justo do que neste momento acessar e deliciar-se com as produções recuperadas pelo Memorial da Alma que merece os nossos parabéns. (PCA)