quinta-feira, 8 de março de 2012

Maria


Rita Lavoyer

E agora, Maria?

Não foi à festa,

não pagou a luz, nem a água.

O telefone está cortado e nunca teve celular.

E agora, Maria?

Não fez o café,

não fez o almoço,

já é a hora da janta,

mas cadê os alimentos,

os utensílios,

o fogão, a casa, cadê, Maria?

Seu pai velhando na cama,

pedindo a morte,

mas cadê ela, Maria?

Nem ela quer te ajudar.

Seu filho quer droga,

seu cachorro mataram,

seu barraco caiu.

E agora, Maria?

Sem amor,

sem marido,

sem nenhum companheiro

que consiga prazerar-te.

Tá flaudida, Maria!

Ninguém a quer numa festa,

ninguém a quer pro amor,

nem pro ódio você presta, Maria!

Ainda bem que se chama Maria, Maria.

Se fosse Raimunda só daria cacofonia.

Se, mesmo oferecendo a rima,

você tira o apetite, Maria.

É alimento que jaz...

Maria, você não serve para comida.

Pra você, Maria,

Só a Maria da Pena, sem o h,

porque ele foi pro homem.

Como pena, vai continuar penando.

Vá buscá-la em algum fórum.

Procure nela um artigo

que fale de um tal José.

Quem sabe com ele, Maria,

você sirva pelos menos para

angariar versos.

Porque a poesia de hoje, Maria,

Dia internacional da Mulher,

Só ganha quem fez História.

Neste dia das Mulheres, parabenizo a minha mãe, que foi Pai linha dura para ensinar as filhas a desenvolverem o potencial que uma Mulher traz em si.

Parabéns dona Dirce!

Feliz Dia das Mulheres para a senhora. Um dia, quem sabe, eu chegue aos seus pés!