Rita Lavoyer
E agora, Maria?
Não foi à festa,
não pagou a luz, nem a água.
O telefone está cortado e nunca teve celular.
E agora, Maria?
Não fez o café,
não fez o almoço,
já é a hora da janta,
mas cadê os alimentos,
os utensílios,
o fogão, a casa, cadê, Maria?
Seu pai velhando na cama,
pedindo a morte,
mas cadê ela, Maria?
Nem ela quer te ajudar.
Seu filho quer droga,
seu cachorro mataram,
seu barraco caiu.
E agora, Maria?
Sem amor,
sem marido,
sem nenhum companheiro
que consiga prazerar-te.
Tá flaudida, Maria!
Ninguém a quer numa festa,
ninguém a quer pro amor,
nem pro ódio você presta, Maria!
Ainda bem que se chama Maria, Maria.
Se fosse Raimunda só daria cacofonia.
Se, mesmo oferecendo a rima,
você tira o apetite, Maria.
É alimento que jaz...
Maria, você não serve para comida.
Pra você, Maria,
Só a Maria da Pena, sem o h,
porque ele foi pro homem.
Como pena, vai continuar penando.
Vá buscá-la em algum fórum.
Procure nela um artigo
que fale de um tal José.
Quem sabe com ele, Maria,
você sirva pelos menos para
angariar versos.
Porque a poesia de hoje, Maria,
Dia internacional da Mulher,
Só ganha quem fez História.
Neste dia das Mulheres, parabenizo a minha mãe, que foi Pai linha dura para ensinar as filhas a desenvolverem o potencial que uma Mulher traz em si.
Parabéns dona Dirce!
Feliz Dia das Mulheres para a senhora. Um dia, quem sabe, eu chegue aos seus pés!