segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Viajar é preciso - Parte 1


Pedro César Alves

Quem não gostar de viajar, como diz o ditado popular, que atire a primeira pedra – não precisa ser exatamente uma pedra, mas um bom número de palavras; e vale lembra que também existem as exceções.

Viajar é algo maravilhoso – por um lado, mas pode também pelo outro não ser. Maravilhoso do ponto de vista de conhecer lugares, costumes diferentes, gente de hábitos estranhos. Pelo outro, penoso, por nem sempre ter o que se deseja – como um bom repouso, boas comidas, entre outras coisas. E alguns ainda acrescentam: nada melhor que a casa que possuem – mesmo sabendo que viajar é preciso.

Alguns dos leitores que tenho podem ficar imaginando o motivo de eu escrever sobre este assunto – simples: numa das escolas que trabalho, em todas as salas, há um mapa-mundi, e, às vezes, circulando pela sala paro diante dele e passo a viajar. Olho-o fixamente – prendo o meu olhar no continente americano: América do Norte, América Central e América do Sul – vejo nesta última um país-continente – o meu Brasil. É dele que viajo para o mundo, para o mundo dos sonhos, das fantasias, das imaginações, das leituras, das releituras!

O Brasil, com três fusos horários, com mais de oito milhões de quilômetros quadrados, é um país-continente – de norte a sul, de leste a oeste, a mesma língua: e muitos ainda acham que este fato não é importante para auxiliar na manutenção desta integridade federativa. Diria Lima Barreto em ‘Triste Fim de Policarpo Quaresma’ que a língua nossa deveria ser o tupi – e vamos enviar cartas aos nossos legisladores pedindo a mudança!

Mas voltando ao ato de viajar, os meus olhos voltam para dentro do Brasil – para seus estados que estão divididos em cinco regiões: norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul. Viajo ainda mais um pouco: lembro-me, historicamente falando, da inauguração de Brasília a 21 de abril de 1960, pelo então presidente da república Juscelino Kubitscheck – cidade que foi projetada por Lúcio Costa, em 1957, em formato de borboleta (defesa de Lúcio Costa, mas abordado por muitos como um formato de avião). E a capital do país – Distrito Federal – que até então era na cidade do Rio de Janeiro, sai de beira-mar e dirige-se para o interior do Estado de Goiás, tendo como água o seu Lago Paranoá – artificial. Vou ainda mais longe: lembro-me de Cora Coralina – Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brotas – e o seu primeiro livro publicado: ‘Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais’, lançado no ano de 1965.

É de Brasília que temos as diretrizes nacionais de nossa nação. É de lá que também temos grandes escândalos políticos. É de lá, também, que muitos esperam a redenção – que demora a chegar. E sempre sonham com dias melhores.

Com o burburinho da sala volto à realidade. Lembro-me que os meus alunos estão viajando na história que lhes foi proposta: a História de Mariana – uma menina que busca mudanças. E estas mudanças devem acontecer a partir de si mesmo: e por que não a partir de uma biblioteca?

E, falando em biblioteca, vejo na porta da minha sala de aula a professora Maria Helena avisando-me que estava a espera dos meus alunos – pois estes deveriam ir à biblioteca para mais uma troca semanal de livros – e por que não iniciar mais uma semana de leitura com ‘Viagem ao Centro da Terra’, de Júlio Verne (publicado em 1864) – que tem como narrador Axel, jovem alemão, sobrinho do ilustre geólogo Dr. Otto Lidenbrock? Ou, ‘Viagem ao Brasil’, do alemão Hans Staden, publicado em 1557 – são boa indicações de leituras.