sábado, 3 de novembro de 2012

"Se"...


Fabíola Simões de Brito Lopes

Teria acontecido. Se não fosse por sua insegurança, pela mania de duvidar de si mesmo, daria certo.

Bastava ter pedido. Simplesmente ter arriscado. Um "não" seria o pior que te ocorreria. Mas o "sim" mudaria sua vida.

Por que não tentou? Por que deixou o medo ser maior que sua vocação para a felicidade?

Quantas vezes deixamos oportunidades passarem, amores atravessarem a porta de saída, sonhos serem arquivados... só porque não fomos capazes de dominar o medo.

O medo que paralisa, limita, congela as suspeitas, eterniza as dúvidas. O medo que nos diminui, desmerece, encarcera... torna pessoas comuns "muita areia para nosso caminhão".

E um dia _ tarde demais _ descobrimos que tínhamos as chaves. Que muitas portas estariam abertas se tivéssemos tentado.

Bastava coragem _ e não haveria um "se"...

Gosto muito do filme "Divã", de Martha Medeiros; especialmente da parte em que a personagem Mercedes pergunta ao seu analista: "E se eu lhe disser que estou com medo de ser feliz para sempre?" Porque no final das contas é assim que vivemos: constantemente boicotando a felicidade com preconceitos e suposições.

Cheios de "mania de perfeição", colecionamos fragilidades e distorcemos nossas possibilidades com autocrítica, remorso e culpa.

Muitas vezes preferimos prestar tributo ao sofrimento a acreditar nos dons que carregamos, na alegria que existe _ ainda que camuflada _ dentro de nós.

Num mundo legitimado por egos inflados e distorções da verdadeira auto estima, reconhecer-se merecedor, capaz e digno é admitir-se irrestrito.

É aceitar a igualdade _ o simples fato que ninguém é tão especial ou tão banal.

É entender que ninguém é "muita areia pro caminhão" de ninguém; compreender que com esforço, empenho e fé somos igualmente capazes de cruzar a linha de chegada.
E então relaxar, porque finalmente aprendemos a confiar no "nosso taco".

Não precisaríamos perder tanto tempo se soubéssemos que temos as chaves _ tanto quanto aquele nosso vizinho importante e sortudo. Porém, muitas vezes preferimos deixá-las esquecidas, negligenciadas dentro de uma gaveta, abandonadas à própria sorte.

Porque no fundo há o medo: De avançar e cair. De chegar e arrepender. De evoluir e não estar pronto. De querer e não obter.

Então nem ousamos o primeiro passo _ como se o erro fosse o fim.

Mas nos esquecemos que o erro é o começo. O início.

É o que nos faz ir mais longe, além da dúvida, além de nossas fragilidades... Além de nós mesmos.