quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Seedorf no 3° mundo


Ventura Picasso

Está chegando a hora! A seleção brasileira de futebol volta ao velho Felipão. Desta feita, Scolari disfarçado de voluntário, da confiança da Bancada da Bola, um brinco bajulando a orelha do Ministro dos Esportes o palmeirense Aldo Rebelo. A Bancada cobriu a barreira – não há como segurar esse ataque – é muita grana, irresistível, nesse jogo. O chute no traseiro, que bom, foi carícia do Jérome!

Jogo duro; jogo sujo?

Quando cartolas se juntam aos políticos, publicitários e pseudos jornalistas, para “defenderem” os interesses do futebol profissional do Brasil, neste terceiro mundo futebolístico, como nos ensina José Mourinho, o alvo principal a fatia do bolo que cada um vai levar.

Mano Menezes, ex-técnico do selecionado, pelo o que tudo indica, estava fora do contexto. Um estorvo para a maioria dos entendidos. A fritura havia começado ao fim das olimpíadas de Londres. Mano por sua vez, ficou na sua e não pediu para sair.

A medalha de prata que nos trouxeram os futebolistas olímpicos nada representou. Os atletas calados, cabisbaixos aceitaram a ingratidão dos patrocinadores e suas tribos. Calam não por falta de coragem, condicionados por seus agentes, obedientes e passivos.

Queremos o ouro. O importante não é competir, mas vencer, apenas vencer, sempre; o grito da mídia.

Quem ganha qualquer medalha que não seja a ouro nunca será reconhecido neste país. Exceto Adriana Araujo boxeur que esfregou a centésima medalha olímpica no nariz de Mauro José da Silva, cartola da Confederação Brasileira de Boxe. A medalhista olímpica, de Londres, mandou recado:

- Sou Bronze seu Mauro, quer queira ou não!

Antes de Adriana o único, a desembarcar no Brasil, com a medalha de bronze no peito fruto olímpico de Atlanta (1996), foi Ronalducho; orgulhoso pelo feito. Valeu Fenômeno!

Mano não pedia demissão. Descontente com o comportamento de M. Menezes, o deputado comunista e Ministro dos Esportes, passa a desfilar com o ‘voluntário’ Felipão pelos cenários em construção Brasil a fora. Ele não levava uma sombra ao ex-técnico, mas uma assombração.

A crítica especializada não fez a leitura da jogada, fingindo que não viu, não divulgou a traição. Ao traído, que não teme fantasmas, sobrou a paciente discrição, o silêncio.

Felipão não assombrou Mano Menezes; Inconformado, Rebelo o carrasco político, a serviço do cartola da CBF e da Bancada, apertou o nó no pescoço do condenado que, mesmo assim, não renunciou. Numa decisão vulgar típica de executivo autoritário, ao ver falhar o plano do ministro, Marin chuta o banquinho enforca e exclui o técnico Mano. Ao político faltou verniz.

Finalmente alguém de grande expressão popular, um verdadeiro profissional, recém-chegado ao Brasil, nos surpreende com sua declaração que é uma grande descoberta para os quase 200 milhões de técnicos no país do futebol.

A malandragem praticada por muitos jogadores é, infelizmente, louvada por uma grande parte da mídia especializada. Essa mídia de baixa qualidade considera, os trapaceiros que enganam a arbitragem, ótimos artistas. ‘La mano de Dios’ é uma poesia para os imbecis.

O ídolo esmeraldino não juntou coragem para se desculpar, apenas para pressionar o árbitro a validar o que não valia. O surinamês, jogando com a dez do Botafogo, torceu o nariz: Covardia; com a mão não vale!

O holandês de Paramaribo, Clarence Seedorf do Fogão, já se deu conta de que está no terceiro mundo do futebol. Culto, casado com uma brasileira, fala fluentemente português, holandês, espanhol, italiano, francês e inglês. Romântico deixou a elegante Milão e pousou em General Severiano. Oriundo de múltiplas culturas futebolísticas, Seedorf não respeita malandragens, ou qualquer tipo de deslealdade.

Na Itália, o jogo entre Lazio e Nápoli, o jogador alemão Miroslav Klose do Lazio usou a mão para empurrar a bola para dentro do gol. Imediatamente avisou o árbitro. O gol foi invalidado. Em Brasília nem com CPI o Romário levanta a verdade.

Enquanto a crônica e a crítica esportiva afirmar que futebol é ‘pra macho’; e quem ouve o discurso, curto e grosso, do velho novo técnico Felipe Scolari, falando sobre algo tranquilo: ”Que vá trabalhar no Banco do Brasil”! Essa violência nas palavras e nos campos, nas arquibancadas ou na porta dos estádios, destrói e é destruída violentamente.

Os bancários queimaram o filme do Big Phil. Em nota delicada e oportuna informaram ao abelhudo que o BB conta com 116 mil funcionários, que todos os dias vestem a camisa do Brasil. E disseram mais: “Para a família BB, planejamento, respeito e organização são os segredos para uma estratégia de sucesso que transforma a pressão do dia-a-dia em motivação para as conquistas e para o apoio ao desenvolvimento do Brasil”.

Isso que dá a ‘Má educação’. Antes de entrar em campo estão chamando o pai de família de burrooo.