terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ranchinho Feliz


Sylvia Seny

Observei, tinha ao longe depois da curva uma casinha branca de telhas vermelhas,
Árvores com folhas amareladas queimadas pelo inverno, um lago pequeno pintado de azul.
Vi a cerca quebrada e uma fileira de pinheiros. Foi quando entrei nele,
Vi uma sombra indistinta, as cores indefiníveis em tons escuros.
Cheguei mais perto, fui absorvida pela beleza.

O céu amava as montanhas, e o sol tímido de uma tarde fria abraça o verde e o marrom da terra numa possessão grandiosa.
Os pinheiros curvavam-se solenemente com o sussurro do vento que cantava entre as folhas: Deixem-nos se amar.
A cerca, a casinha, o pássaro que passou voando... Meros figurantes no cenário, nem se quer percebiam a beleza a sua volta.
A mão que contornava a silhueta o fazia com maestria e cuidado, os cabelos que caiam sobre o tórax deitado na relva, acariciavam seu corpo e seu ego...
Agora o momento era de uma calma invejada. A mulher madura levantou os olhos para o céu, duas lágrimas caíram de emoção. O homem nu arrumou os cabelos curtos e grisalhos que o vento beijava.

Queria continuar minha invasão extasiada e flagrar o casal experiente banharem-se no rio após o amor. Mas, decidi não interferir mais, desisti de tirar o pó do quadro e voltei meus olhos para o barulho da TV.