Sylvia Seny
Observei, tinha ao longe depois da curva uma casinha branca de telhas vermelhas,
Árvores com folhas amareladas queimadas pelo inverno, um lago pequeno pintado de azul.
Vi a cerca quebrada e uma fileira de pinheiros. Foi quando entrei nele,
Vi uma sombra indistinta, as cores indefiníveis em tons escuros.
Cheguei mais perto, fui absorvida pela beleza.
O céu amava as montanhas, e o sol tímido de uma tarde fria abraça o verde e o marrom da terra numa possessão grandiosa.
Os pinheiros curvavam-se solenemente com o sussurro do vento que cantava entre as folhas: Deixem-nos se amar.
A cerca, a casinha, o pássaro que passou voando... Meros figurantes no cenário, nem se quer percebiam a beleza a sua volta.
A mão que contornava a silhueta o fazia com maestria e cuidado, os cabelos que caiam sobre o tórax deitado na relva, acariciavam seu corpo e seu ego...
Agora o momento era de uma calma invejada. A mulher madura levantou os olhos para o céu, duas lágrimas caíram de emoção. O homem nu arrumou os cabelos curtos e grisalhos que o vento beijava.
Queria continuar minha invasão extasiada e flagrar o casal experiente banharem-se no rio após o amor. Mas, decidi não interferir mais, desisti de tirar o pó do quadro e voltei meus olhos para o barulho da TV.