domingo, 27 de março de 2011

A ferramenta do bloqueio


A humanidade não sabe se relacionar. Historicamente não sabe. E os dias atuais são consequências de épocas marcadas pela dificuldade de viver em comum união. Fazemos parte de uma sociedade que se relaciona de forma líquida, ou seja, desapegada, sem vínculo (Bauman, 2001).

Talvez seja porque “tudo o que sólido se desmancha no ar” (Karl Marx). E a modernidade vem a somar nesta desenfreada forma irracional de conviver.

Neste sentido, na era global, que a velocidade, seja de informações ou contato, é extremamente necessária, tudo passa a ser encarado como mercadoria. As pessoas negociam em sua forma de dividirem o mesmo espaço e tempo. Se dispostas, aceitam. Se não, deletam, excluem ou simplesmente bloqueiam para outro momento oportuno ou um “nunca mais” que seja.

É a geração tecnológica do “estar com o outro” através de uma tela de computador, que aproxima quem está longe. E distancia quem está perto. Pais não falam com seus filhos, mesmo que estes estejam a um passo um dos outros. Abrem mão do contato físico para vomitarem seus conflitos e conquistas, para quem é que seja, através da Internet. Mudamos. No ritmo veloz e influente da mídia. O namoro deu espaço para o ficar. Substituímos a palavra “relacionamento” pela “conectar-se”.

Será que aprendemos um dia?