Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes cantaram: ‘Tristeza não tem fim / Felicidade sim’. (Será?) Em ‘Receita de Felicidade’ Toquinho canta coisas maravilhosas e eu, a ler, comecei a viajar. Como definir felicidade?
Muitos já tentaram definir o que é felicidade, seja a partir de prosa ou verso, ou de filmes, como: ‘A felicidade não se compra’ – um filme dirigido por Frank Capra (EUA, 1946), que narra a história de um anjo que, precisando merecer suas asas, desce à Terra para salvar um homem que sempre fez o bem e que agora se vê dissipados seus sonhos de felicidade.
Ou, ainda, ‘À procura da felicidade’ – (EUA, 2006), inspirado em fatos reais, que conta a história de um vendedor que vive no limite da pobreza, abandonado pela mulher, passa a criar sozinho o filho de 5 anos, acabam sendo despejados do apartamento em que vivem e são forçados a dormir em abrigos comunitários e até mesmo no banheiro de uma estação de metrô, mas com determinação, amor e a confiança do menino, o pai dá a volta por cima.
Toquinho diz que sonhar ainda é fundamental. Sonhe! Em sua receita pede pedacinhos de afeto, de ilusão, misturados à amizade; um pouquinho de paixão, pitadinha de saudade – e quem nunca teve saudade? Uma estrofe ímpar! E continua: o dom de ser mulher, de ser mãe; o sorriso da criança (inocência); o primeiro amor – a esperança.
Como diz: só sendo mãe para poder dizer o que realmente é ser mãe! Criança-esperança. E quem nunca teve a ingenuidade de amar? Quatro elementos essenciais na vida humana. Na terceira estrofe: ternura, os que amam pra valer (muito amor, pois amor nunca faz mal), a vida é um arco-íris de prazer. Que doçura, que sonho! Afinal, o que é felicidade?
Em ‘Felicidade’, poema de José Maria de Souza Dantas, o autor diz que é feliz porque sente vergonha diante da fome, do desespero; diante da dor e da solidão; diante da alegria e da felicidade; da natureza – do sol considerador e da lua perceptiva. Diante de tudo isso não consegue mais ser infeliz – é olhar a vida de jeito diferente!
Em ‘O alquimista’, de Paulo Coelho, é relatado que um mercador mandou o seu filho aprender o Segredo da Felicidade com o mais sábio de todos os homens. O rapaz andou durante quarenta dias pelo deserto até chegar a um belo castelo, no alto de uma montanha, pois lá vivia o Sábio que o rapaz buscava.
O Sábio ouviu atentamente o motivo da visita do rapaz, mas disse-lhe que naquele momento não tinha tempo de explicar-lhe o Segredo da Felicidade e sugeriu ao rapaz que desse um passeio pelo palácio e voltasse dali duas horas – mas pediu-lhe um favor, estendendo-lhe uma colher, onde pingou duas gotas de óleo: ‘Enquanto você estiver caminhando, carregue esta colher sem deixar que o óleo seja derramado’.
O rapaz foi pelo palácio – subiu e desceu escadas, mantendo sempre o olhar fixo na colher. Duas horas depois retornou à presença do Sábio, e este lhe perguntou: ‘Então, você viu as tapeçarias da Pérsia que estão na minha sala de jantar? Viu o jardim qu e o Mestre dos Jardineiros demorou dez anos para criar? Reparou nos belos pergaminhos de minha biblioteca?’ O rapaz, envergonhado, confessou que não – pois a preocupação era não derramar o óleo.
O Sábio pediu que voltasse a passear novamente e conhecesse as maravilhas do seu mundo, alegando: ‘Você não pode confiar num homem se não conhece sua casa.’ Mais tranquilo, o rapaz pegou novamente a colher e voltou a passear pelo palácio: observando cada detalhe, cada obra de arte, cada maravilha. Tempos depois retornou à presença do Sábio, que o indagou: ‘Mas onde estão as duas gotas de óleo que lhe confiei?’ Olhando para a colher, o rapaz percebeu que as havia derramado.
‘Pois este é o único conselho que eu tenho para lhe dar – disse o mais Sábio dos Sábios – O Segredo da Felicidade está em olhar todas as maravilhas do mundo, e nunca se esquecer das duas gotas de óleo na colher’.
Fechando este pequeno texto sobre a busca da felicidade, nota-se que em todos os textos citados acima é mostrado que a felicidade está em nós e não no outro. Cada um tem que fazer a sua parte – buscar o que é seu, e não olhar para o outro com olhar de inveja pelo que o outro faz, ou pelo que o outro recebe. Pelo contrário, espelhar-se no lado positivo do outro – pois vale lembrar que somos humanos e plausíveis de erros. Felicidade é acreditar primeiramente em si, em seu potencial.