quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cadê o saco?



Quando um plano sigiloso e desonesto deixa de ser segredo, as informações atingem a sociedade civil como uma bomba. A notícia de mais um escândalo político, agride os suspeitos envolvidos na trama. Como de costume a primeira declaração, ou a de sempre: Não tenho nada a declarar; Não sei de nada.

Uma nota publicada em 05/05/2011 dizia o seguinte: “Depois de três anos sem aumento, o Departamento de Água e Esgoto de Araçatuba (DAEA) vai reajustar o preço da tarifa de água em 18,88% a partir de junho próximo”.

Num outro momento, dentro do mesmo pacote, o vereador Joaquim da Santa Casa (PDT), em entrevista à Folha da Região, falou pelos cotovelos o que jamais será provado, antes, porém devidamente alertado: “para sua segurança esta conversa será gravada”: “Não, aí o comentário na cidade é que viria também um saco de dinheiro para os vereadores”, declarou.

“CADÊ O SACO?”

Onde tem fumaça poderá ter saco. O cheiro contamina o ambiente e enche os olhos de água que não é do DAEA; todo mundo de olho no saco. O Vereador Cláudio Henrique da Silva (PMN), que não sabia de nada foi surpreendido numa escola: ”Cadê o saco”? Para outro vereador, alguém sugeriu: “Divide um pouco”...

Não importa o termo que queiram dar para essa negociata. Estamos decepcionados com o Estado mínimo. O neoliberalismo está provado, não é bom para a população, só é bom para quem adquiri as empresas estatais. O departamento de águas (DAEA) é um bem publico de interesse social.

A totalidade de escândalos expandidos com o saco de dinheiro é assustador. A nossa capacidade de indignação é colocada à prova. Reajustar o preço da agua em 18,88%, é imoral; Qual produto obteve um reajuste desse porte nos últimos tempos no Brasil?
Em 10 de janeiro de 2011, a Câmara derrubou a obrigatoriedade de o município realizar plebiscito para terceirizar ou fazer concessões dos serviços do DAEA. No entanto, manteve a consulta popular apenas em caso de privatização da autarquia. O governo tentou derrubar o plebiscito para todas as situações. Por meio de emenda, o vereador Rivael Papinha (PSB) conseguiu manter a obrigatoriedade de um referendo popular para eventual privatização.

Tirando do eleitor a opção de votar contra ou a favor da concessão, terceirização ou privatização do departamento de aguas, nessa cascata de fatos, a Câmara Municipal marca como primeiro passo um conto fantástico. Isso posto, os 18,88% acima e a suspeita de privatizar o DAEA nos deprime, não por ser uma proposta casada(?), mas se verdadeira desonesta. O ‘saco de dinheiro’ cabe exatamente no espaço existente, de um lado o aumento do preço da agua e do outro, a privatização (concessão ou terceirização) da empresa. Só a máfia pode planejar um ato descarado de tamanha envergadura, um crime perfeito.

Aumentar o número de vereadores, nesse ambiente, nem pensar?

Mesmo sendo cabide de emprego usado e abusado por vários governos, a sociedade não pode abrir mão de um bem social, um direito que só a autarquia pode garantir. A Procuradoria Geral do Estado pede 57 cargos do DAEA, 58 da Câmara de Vereadores e 278 cargos comissionados, considerados inconstitucionais. Dependendo da justiça tudo pode ser bem resolvido.

Não podemos contar com uma revolta, tipo oriental, mas o Partido dos Trabalhadores PT, tradicionalmente defensor dos interesses sociais, pode conscientizar e conclamar o povo de Araçatuba, a exigir um final feliz para essa novela, antes que os ‘caras pintadas’ se apossem das bandeiras vermelhas.

Caso contrário abatido, o coletivo petista acabe num gueto, deserdado por seus eleitores, como todos os partidos políticos decadentes.

Baseado em fatos extraídos da Folha da Região de Araçatuba.