domingo, 6 de novembro de 2011

A metade de tudo (ou tudo pela metade?)


Salomé Macedo

Dias atrás, quando perguntei se o atual prefeito aceitaria meio voto nas próximas eleições, já que ele entregava um teatro “meia boca” à população, teve gente disposta a me linchar. Afinal, eu estaria “agredindo” o ícone da democracia local, o supra-sumo-do-extra-máximo da política araçatubense, o salvador da pátria (aqui, com minúsculo, sim!), o redentor dos fracos e oprimidos pela elite dos araçás.

Agora, quando o jornal noticia a falha estrutural que impede a plena visibilidade do palco, aparece o gaiato secretario de Cultura para dizer que essa não é uma questão de “vida ou morte”.

Claro que tudo depende do ponto de vista. Até o fato de esse ser um assunto já passado, porque os supersalários de alguns poucos médicos já ganhou as manchetes e as conversas de botequim. Hum… muito mais butequim que botequim…

Ilações à parte, não vou lançar o tradicional “eu avisei”.

Quem sou eu para tecer críticas ao senhor alcaide? – diria um certo serviçal, em coro a outros chupins que vivem rondando minhas “publicações internéticas”.

Virei alvo de assédio, acreditem!

Tudo o que digo é alvo de contestação.

Tudo o que penso é motivo de questionamento.

Toda convicção que expresse é alvo de mirabolantes contraposições.

À esta altura, meu ego já nem cabe em mim!

Vivo às turras com esse e aquele e até com quem não conheço, que se dá ao trabalho de acessar a internet, entrar no facebook, ir até o meu perfil apenas para postar palavrões, agredir a quem quer que esteja participando de uma conversa comigo.

Não! Não sou mártir!

Nem o supra-sumo-do-extra-máximo que disse antes. Muito menos semideusa (como quer um determinado serviçal) ou moradora do Olimpo.

Por incrível que pareça, sou apenas uma pessoa que paga seus impostos e se dá o direito de cobrar coerência (sim! coerência com tudo o que foi prometido e assumido durante a campanha e não foi cumprido!) e vergonha na cara.
Esse posicionamento certamente incomoda quem usa antolhos (e eis a palavrinha mágica de volta, para ira de alguns!).
Sei de gente que sai vibrando, quando soube que eu me ausentaria das discussões do Conselho Municipal de Políticas Culturais por até 60 dias.

Certamente, assegurei um bom natal para os tais serviçais… ganharam férias dobradas!

Cuidam de meus atos e de minha vida quase tão bem quanto eu mesma! Só não são perfeitos porque não pagam minhas contas e, por isso, não me tiram o direito de pensar e falar o que bem entender. Especialmente nos espaços virtuais que estão sob minha responsabilidade.

Raciocínio lógico, presumo: se um espaço virtual é disponibilizado, tornado público, quem a ele tem acesso e o registra em seu nome, tornando-se responsável por aquilo que nele é publicado, pode-se dizer que aquele espaço lhe pertence.

Então, por que uns e outros sentem-se tão melindrados, quando digo que não permitirei palavras baixas e agressões gratuitas no meu espaço na internet?

Pois é…

São confabulações, ilações, reflexões e outros “ões” que me permito fazer aqui, num espaço que julgo me pertencer.
Assim é, se me parece. Não lhe parece?

Aqui, exponho meus pensamentos e/ou sentimentos. Por inteiro, ou quase. Nem sempre é possível expor a alma em palavras.

Mas os fragmentos que exponho, são verdadeiros. Assumidamente verdadeiros.

Não são palavras das quais me arrependerei mais adiante, porque traduzem o que penso.

Não são promessas vãs, como aquelas que brotam aos borbotões de cãs ensandecidas.

Não são mesmices, como aquelas recitadas de maneira afetada, com um sorriso falso pregado na cara.

A mesma cara à que falta a vergonha pelas palavras ditas pela metade, pelas promessas não cumpridas, pelos compromissos esquecidos.

Como o asfalto da rua dos Fundadores, que tinha placa do governo federal até outro dia e que agora, quando os buracos se sucedem, simplesmente desapareceu.

Como o teatro Castro Alves – símbolo de resistência artística e produção cultural de primeira -, que amarga a desventura de ser reaberto com um palco parcialmente invisível…

É tudo pela metade, tudo muito demorado, tudo sempre para depois de amanhã. Ou depois do amanhã.
Um amanhã que, nesse passo, nunca chega.

Lá se vão mais quatro anos.

Quatro anos de escândalos, quatro anos de desmandos, quatro anos de mentiras.

E quem quiser que conte outra, porque a ladainha recitada até agora não me convence…