sexta-feira, 22 de julho de 2011

Crime organizado no Brasil. Vai aumentar?



Vivemos numa época propicia para que criminosos transnacionais aportem em nosso território (outros, além do que já temos aqui, nativos ou não). Não é que este tipo de "cidadão" não exista no Brasil, mas os próximos anos serão saudáveis para novas alianças criminais, potentes ou não.

Observem que eventos esportivos internacionais estão para acontecer em nosso território nos próximos anos, distribuídos nas várias regiões brasileiras. Não será um evento localizado, mas estará presente do "Arroio ao Chuí" (há tempos não uso esta expressão) e muito se fala em construções que nada servirão depois dos jogos. De nada servirão depois, mas o "antes e o durante" são momentos "da verdade" para o crime.

Os ministérios do Transporte e dos Esportes já apontaram os problemas estruturais (falta de locais adequados para os jogos, problemas na infraestrutura viária, aeroportos que não darão conta da demanda, o fracasso na licitação do trem bala etc.). Será necessário movimentar um número enorme de construtoras, incluindo consórcios internacionais, para que este quadro apenas se amenize. Pense... investimento público se atrela a falcatruas, bem diga o Denit.

Do mesmo modo, o Supremo Tribunal Federal deu mostra que o Brasil é capaz de receber e asilar qualquer pessoa, inclusive terroristas (como Cesare Battisti). Bem, isto é importante, pois mostra que nosso Judiciário se equivoca (sempre?) e abarca posicionamentos políticos que, neste caso, não se aplicavam. Não há dúvida de que os homicídios foram crimes comuns e não políticos (sem falar que não havia possibilidade de aplicação de pena de morte). Se abrigamos terroristas, podemos abrigar criminosos organizados (alías, isto já aconteceu anteriormente, mormente que já tivemos vários mafiosos italianos morando em nossas praias!).

Outrossim, temos uma força nacional de segurança pública espúria constitucionalmente e formada por policiais de vários estados, sem poder de polícia. E há pessoas que defendem esta aberração e não se importam de terem seus direitos constitucionais agredidos, afinal, tudo é pela segurança (nem falamos no uso de Exército para fins políticos). Temos um sistema de segurança pública calcado na soberania de cada estado membro, sem nenhuma integração (me lembro de, quando na ativa, o banco de dados federal não recebia informação dos bancos das polícias estaduais - total desarticulação). Existe, até mesmo, uma rivalidade (oculta? Acho que não...) entre a polícia administrativa e a judiciária. Uma rivalidade que vai além da operação, partindo agora, para a seara judicial (como no atual caso do RETP).


Este ambiente é propício para a atuação do crime organizado. É preciso exemplificar, somente assim o leitor poderá formar um juízo a respeito. Presume-se que estes eventos irão maximizar o fluxo de pessoas (turistas) em nosso País, afinal este é o motivo de tanto investimento.

Falando em investimento e diante da malfadada posição do governo federal no caso das licitações, abre-se um enorme campo para a lavagem de numerário do crime organizado, em especial o obtido pelo tráfico de entorpecentes ilegais, cujo movimento anual importa em aproximadamente, 5% do produto interno bruto do mundo. Não há dúvida de que este dinheiro será “investido” aqui, mesmo porque parte dele já esta no mercado financeiro, não obstante o acordo da Basiléia (lembre-se que já tivemos lavagem de dinheiro no esporte nacional).

Outro vetor desta criminalidade organizada será revertido para o turismo sexual. É ingênuo aquele que imagina que haverá solução de continuidade nesta questão durante os jogos (olímpicos ou mundiais). Pelo contrário, será uma oportunidade de “ganho” extra para “nossas carnes frescas” (assim denominadas internacionalmente num mercado que gera um lucro anual de US$ 5 bilhões). Isto sem falar em pedofilia, crime que se mostra mais presente em nosso país, uma vez que a subnotificação criminal tende a diminuir, face às campanhas que são levadas à mídia (este delito, somente em vídeo, lucrou US$ 280 milhões).

Fico imaginando se a abertura nos portos (em razão da hospitalidade brasileira) irá facilitar a ação criminosa de tráfico de lixo internacional (afinal, o caso do container fraldas usadas ainda não foi devidamente esclarecido, pelo contrário, foi devidamente depositado nos portos brasileiros). Receberemos mais lixo (humano?).

É muita grana! Da mesma forma, a criminalidade comum deve recrudescer, uma vez que haverá maior oferta de numerário (ou de vítimas em potencial). Não há dúvida que a “coisa vai ficar preta!”.

Diante deste quadro, é necessário que as secretarias de segurança pública dos Estados passem a adotar um mesmo procedimento para a coleta e divulgação dos dados estatísticos criminais, com total acountability, evitando-se casos de corrupção como o registrado em São Paulo, praticados pelo homem de confiança do secretário de segurança e que foi amplamente divulgado pela imprensa falada e escrita. Esta uniformidade de coleta e de divulgação é uma necessidade antiga. Cada estado tem seu próprio método.

Se haverá mais crime, pode-se presumir que haverá mais homicídio (conseguiremos manter nossa posição de conforto? A paulista, embora festejada, não aborda o encontro de corpos ou as resistências seguida de morte. Não há dúvida de que a imprensa (nacional e internacional) estará voltada para os jogos, fato que facilitara o tráfico de seres humanos ou se seus órgãos (Maierovicht ensina que uma metade de rim pode ser comprada por US$ 5 mil – boa grana para um habitante do país emergente - e vendido por US$ 200 mil. Uma córnea - afinal temos duas – vale US$ 3 mil e é vendida por US$ 45 mil).

Na contramão, em sentido oposto, não vemos uma movimentação dos órgãos de segurança pública para apresentar seus projetos de preservação da ordem pública. Nada se fala ou se prepara, procedimentos são contestados e a situação de segurança não se altera.

É preciso que todos nós, brasileiros ou cidadãos que moram neste país “abençoado por Deus” se mobilizem para exigir das autoridades que se dê transparência nas ações de segurança que serão desenvolvidas, uma vez que é necessário criar uma percepção de segurança favorável. Vamos ficar de olho e exigir estas informações.