sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Bem-querer


Caminhavam abraçados na ensolarada, embora fria, tarde de sábado. Ele parou em frente a uma banca de flores e pediu para ela fechar os olhos; comprou um maço de margaridas, suas flores preferidas. Quando ela o viu com o maço de flores na mão, saltou em seu pescoço e o beijou com carinho. Tirou uma margarida do buque e exclamou:

– Vamos fazer o jogo do bem-me-quer?

Sem lhe dar chances de resposta, despetalou a margarida, e a última pétala foi um “bem-me-quer”.

– Eu sabia disse ela, nosso amor não permite um mal-me-quer.

É verdade, entre eles existe algo singular quando estão juntos, aquela vontade de dizer bobagens meigas, de fazer carinho, de abraçar, sentir o vibrar dos corpos. Quando estão longe o bem querer conforta e faz sentir o calor, o carinho, o amor. Mantém a alma desperta e o coração em chamas. Mesmo quando estão longe se sentem perto.

Por mais que o tempo pressione e que a distancia exista, quem bem quer não permite que a rotina acomode ou que a saudade sufoque. Bem querer é muito mais do que querer bem. Quem bem quer cuida e tem no amor, paciência e generosidade a base das atitudes.

O singelo jogo do bem me quer não traduz a importância do bem querer em nossas relações, porque no jogo o fim é indiferente, já nas relações humanas a indiferença termina sempre com um mal-me-quer.

Na natureza existem flores com mais ou menos pétalas, mas ninguém conta as pétalas de uma flor para avaliar sua beleza. Na relação entre pessoas, da mesma maneira não podemos contar as pétalas das virtudes e defeitos. Se mirar para as virtudes somente, todas as pétalas serão “bem-me-quer”.